O 1° Fórum Nacional da Pimenta-do-Reino reuniu em torno de mil pessoas ligadas à cadeia produtiva da especiaria no município de Jaguaré, nesta quinta-feira (7/11). Tendência de mercado, panorama do agronegócio, segurança dos alimentos, uso de biológicos e certificações de sustentabilidade foram temáticas discutidas nos painéis do evento realizado pela Brazilian Spice Association (BSA).
Dados do Governo do Estado do Espírito Santo apontam que nos últimos 10 anos a produção capixaba deu um salto de 7,5 mil toneladas, em 2014, para 77,6 mil toneladas em 2023. Apesar dos números expressivos, existem muitos desafios a serem superados no quesito qualidade, como relata o presidente da BSA, Frank Moro. A meta é chegar a um produto sem Antracnona, sem Salmonella e com zero resíduo químico.
“Nosso maior desafio hoje é levar informação de qualidade para o produtor produzir uma pimenta que atenda às exigências internacionais. Esperamos que em 2025 o Brasil tenha a melhor pimenta do mundo. Hoje ocupamos a segunda posição no ranking mundial. Para isso, percorremos os três maiores estados produtores, começando pelo Espírito Santo, depois Bahia e Pará, levando informação aos pipericultores para melhorarmos a qualidade do nosso produto”, comentou Moro.
Cultivando a pimenta-do-reino há mais de 10 anos, José Sartório Altoé entendeu que para alcançar novos mercados é preciso mudar a mentalidade e pensar não só na quantidade, mas também na qualidade do produto para alcançar melhores preços.
“Desde que plantamos a pimenta pensamos em produzir com qualidade e estamos trabalhando para isso. Nosso plantio é 100% em tutor vivo, ao invés de estacas plantamos na árvore, e já tenho duas certificações de sustentabilidade. Nossa secagem é feita no secador indireto e, quando necessário, só usamos produtos biológicos. Esse fórum foi muito rico em informações e me despertou o desejo de plantar mais”, comentou o produtor.
O commodity broker e diretor comercial da Coreimex, Juliano Câmara, um dos palestrantes, destacou que hoje o Estado do Pará conta com uma pimenta mais limpa com teores de agrotóxico em relação ao Espírito Santo e Bahia, devido a um problema grave que ele apontou em 2015 quando esteve em terras capixabas que é a secagem da pimenta no secador de fogo direto.
“É preciso uma mudança tecnológica imediata. Estamos em um momento de alta, o preço vai se manter firme, com oscilações sazonais, e este é o momento ideal para o produtor olhar da porteira para dentro e corrigir o que for preciso, investir em tecnologia e melhorar sua produção”, explicou Câmara.
Hoje, o Espírito Santo é o maior exportador do país, produzindo mais de 61% dos grãos brasileiros. De janeiro a setembro de 2024 foi exportado o correspondente a 117,8 milhões de dólares. Em 2023, a pimenta chegou a 74 países e os principais destinos de exportação foram Vietnã, Marrocos e Emirados Árabes.
Participaram do evento o governador do Estado do Espírito Santo em exercício, Ricardo Ferraço; o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Enio Bergoli; o subsecretário de Estado de Desenvolvimento Rural, Michel Tesch; o presidente da Associação dos Pipericultores do Espírito Santo (Apes), Francisco Dantas; o prefeito de Jaguaré, Marcos Guerra; o presidente do Crea, Jorge Luís Silva; os deputados federais, Evair de Melo e Gilson Daniel; os prefeitos eleitos de São Mateus e Sooretama, e demais autoridades ligadas ao setor.
O fórum foi realizado pela BSA, instituição sem fins lucrativos, composta pelos 31 principais exportadores da especiaria do Brasil, com patrocínio do Sicoob, Linhagro, Imader, Orvel, Vitória Motors Jeep, Valett Grow, ME Energia Solar, Peppertex e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-ES), e organização da Campo Vivo - Inteligência em Agronegócios e da Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros Agrônomos (SEEA).
Por Valda Ravani
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